O que faz com que pessoas alcancem a excelência? É o talento? É o esforço? Ou é uma mistura dos dois?
Quando vemos um atleta, cantor ou empreendedor bem-sucedido, logo atribuímos seu sucesso ao chamado “talento”.
Mas a grande verdade é esta: o talento não é suficiente para o sucesso. Isso porque nosso potencial é uma coisa, mas o que fazemos com ele é outra bem diferente.
Neste post, vamos entender o que é a trivialidade da excelência, um conceito abordado no livro Garra, que parece ser o segredo que faz com que pessoas comuns se tornem pessoas de sucesso. Vamos lá?
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🎯 A trivialidade da excelência
Em um estudo sobre natação competitiva intitulado “A trivialidade da excelência”, o socióligo Daniel Chambliss chega a seguinte conclusão:
“As mais impressionantes façanhas humanas são, na realidade, o agregado de inumeráveis elementos isolados e cada um quais, em certo sentido, nada têm de extraordinário.”
Em outras palavras, a excelência é mundana, conquistada através de pequenas ações que realizamos diariamente.
O argumento de Daniel é que, se assistíssemos a um filme das horas, dias, semanas e anos de treinamento que levam um nadador à perfeição, veríamos um somatório de atos isolados que nada têm de excepcional.
Veríamos o atleta treinando, fazendo sua dieta, dormindo, depois treinando de novo e assim por diante. Muito provavelmente, em 2 minutos do filme já estaríamos entediados.
Este estudo minuncioso de Daniel foi realizado ao longo de seis anos de observação e, até mesmo, viagens com nadadores e treinadores em todos os níveis, desde os de um pequeno clube municipal até a equipe de elite que geraria atletas para os Jogos Olímpicos.
De acordo com ele, o talento talvez seja a explicação leiga mais comum para o êxito nos esportes. É como se o talento fosse uma substância invisível, que está por trás da realidade superficial do desempenho.
Em outras palavras, parece que estes atletas foram abençoados com um “dom especial”, quase uma coisa dentro deles que outros não têm. Algumas pessoas possuem e outras simplesmente não.
E para Angela Duckworth, autora de Garra, Daniel tem razão.
Se não sabemos explicar como um atleta, músico ou qualquer outra pessoa faz algo que nos deixa de queixo caído, costumamos dizer: “É um dom! Ninguém pode ensinar isso.”
Mas, para Daniel, que observou a biografia de excelentes nadadores, existem um grande número de fatores que contribuem para o sucesso deles.
Por exemplo, quase sempre os nadadores de maior projeção tinham pais que se interessavam pelo esporte e dispunham de recursos para pagar treinadores, viagens para competições e, não menos importante, acesso a uma piscina.
Isso sem contar as milhares de horas e treinamentos na piscina durante muitos anos. Todos dedicados a refinar os muitos elementos isolados cuja soma cria um desempenho sem falhas.
Certa vez, Nietzsche escreveu:
“Diante de tudo o que é perfeito, estamos acostumados a omitir a questão do vir a ser”.
Em outras palavras, favorecer esse culto ao talento inato, nos fazer omitir todo o trabalho, horas de dedicação e, até mesmo, circunstâncias favoráveis, do vir a ser uma pessoa de sucesso.
Ainda para Nietzsche:
“Quando chamamos alguém de ‘divino’ significa dizer: ‘aqui não precisamos competir’”
Ou seja, mitologizar o talento nos livra da responsabilidade. Com isso, podemos relaxar e apenas “aceitar” que não somos talentosos o suficiente.
🤔 Se o talento não explica o sucesso, o que está faltando?
Em 1907, William James, psicólogo de Harvard, ficou interessado em saber como as pessoas perseguem seus objetivos.
Assim, ao refletir sobre as vitórias e fracassos de amigos e colegas, ele compreendeu uma coisa: existe um hiato entre o potencial e sua concretização.
Isso porque, de acordo com ele:
“O homem costuma viver bastante abaixo dos seus limites; possui poderes de vários tipos que raramente utiliza. Ele atua abaixo de seu máximo potencial e se comporta abaixo do nível ótimo.”
Então o que está faltando para que pessoas atinjam seu potencial?
A resposta é: a garra, uma habilidade que combina paixão e perseverança com persistência e esforço acima da média em uma única direção.
Mas por que em uma única direção? Porque quando focamos em uma só atividade, aprimorá-la traz mais satisfação do que ser amador em várias coisas.
E tem mais: quando você tem perseverança e nunca desiste e começa a fazer a mesma coisa várias vezes seguidas, você descobre que algo que talvez nunca tinha sido simples para você se torna quase uma segunda natureza, mas isso não acontece da noite para o dia, e sim ao longo de anos de perseverança e esforços.
Isso explica o porquê de muitas pessoas com Garra serem obcecadas por seu objetivo.
Pense por exemplo em Cristiano Ronaldo, que tem a mesma rotina de treinos e alimentação há anos para se manter no topo. Ou Michael Phelps, que dizia que seu dia de treino preferido eram os dias de folga, pois sabia que ele era o único que estaria treinando.
Percebe como essas pessoas são obcecadas, tem paixão pelos seus objetivos e não desistem? Em outras palavras, elas têm garra.
🏃 O Teste da Esteira
Em 1940, pesquisadores da Universidade de Harvard decidiram testar essa capacidade de nunca desistir e de ter garra de algumas pessoas.
Neste estudo, que pretendia apontar as características de rapazes saudáveis a fim de ajudar as pessoas a serem mais felizes e terem mais sucesso, eles pediram a 130 universitários que se exercitasse em uma esteira durante cinco minutos no máximo.
Mas aqui vem algo interessante: a esteira foi ajustada num ângulo tão íngreme e numa velocidade tal que um homem médio desistiria em quatro minutos. Alguns outros não passavam de um minuto e meio.
Este teste, chamado de Teste da Esteira, era propositalmente exaustivo. Não só do ponto de vista físico, mas também mental, com a finalidade de medir a resistência e a força de vontade dos participantes.
Isso porque os pesquisadores sabiam que uma corrida como aquela não dependia apenas da capacidade aeróbica e da força muscular, mas também do quanto uma pessoa se esforça ou tende a desistir antes que o sofrimento se torne intenso demais.
Décadas depois desse estudo, o psiquiatra George Vaillant começou a acompanhar os jovens que tinham participado deste teste da esteira.
Estes homens, agora com seus 60 anos, tinham sido procurados por pesquisadores a intervalos de dois anos desde a formatura na faculdade para reunir dados como:
- Renda
- Progressão profissional
- Licenças médicas
- Atividades sociais
- Satisfação em relação ao trabalho e casamento
- Consultas psiquiatras
- E utilização de medicamentos como tranquilizantes
E o que eles descobriram foi que o tempo de corrida no Teste da Esteira aos vinte anos era um indicador surpreendentemente confiável de equilíbrio psicológico na vida adulta.
Em outras palavras, a dedicação e a persistência na juventude podem refletir em uma estabilidade emocional e mental duradoura ao longo dos anos, algo que é essencial para termos mais perseverança e continuarmos nos empenhando sempre, sem desistir.
Afinal, uma coisa é continuar na esteira, algo que tem bastante a ver com nossa fidelidade a compromissos, mesmo quando não estamos confortáveis.
Mas, retornar à mesma esteira no dia seguinte e seguinte e seguinte de novo por anos e anos, ansioso para tentar de novo, diz muito mais sobre a nossa garra.
Como disse certa vez Wood Allen, cineasta e roteirista:
“Oitenta por cento do sucesso da vida é dar as caras”.
Logo, a moral desse vídeo aqui é: sem esforço (ou garra), seu talento não passa de potencial não concretizado. Sem esforço (ou garra), sua habilidade não passa do que você poderia ter feito, mas não fez.
Por isso, eu te pergunto:
💭 Dado que a excelência é trivial, composta de ações que nada têm de extraordinário, você diria que suas atitudes diárias estão fazendo com a excelência se torne trivial para você? Reflita! 💭
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